Entenda o que ocorre no pênis de quem tem essa condição e quais podem ser as consequências na vida sexual; veja o que é doença de Peyronie.
“O que é doença de Peyronie?” Essa é uma pergunta que muitos homens podem se fazer, pois, de acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo (SBUSP), estima-se que 10% dos homens podem ser acometidos pelo problema. Esse índice pode ser ainda maior, pois muitos dos casos não são oficialmente diagnosticados.
O distúrbio costuma ocorrer em homens acima dos 40 anos. No princípio, a curvatura do pênis é leve e as dores são moderadas. Porém, com o passar do tempo, aumenta o desconforto nas relações sexuais e pode ficar insuportável ter ereções.
Conheça um pouco mais sobre essa condição, suas principais causas e tratamentos.
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O que é doença de Peyronie?
Trata-se de uma curvatura peniana decorrente de traumas ou microtraumas que ocorrem durante o ato sexual. Em casos mais graves, a tortuosidade chega a deixar o órgão em formato de “L”.
Como consequência dessa condição, o tecido peniano passa a ter menos elasticidade, resultando em deformidade. Se não for devidamente tratada, a curvatura pode aumentar com o passar do tempo, tornando as relações sexuais mais difíceis.
Em casos mais graves, até mesmo uma simples ereção já pode ser suficiente para causar dor. A condição recebe esse nome em homenagem a François Gigot de La Peyronie, médico francês que descreveu pela primeira vez a doença em 1743.
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Quais as principais causas e fatores de risco?
Há diversas razões diagnosticadas que podem levar ao desenvolvimento da doença. As mais comuns incluem traumas e fraturas no pênis, diabetes e idade avançada.
Algumas delas podem ser facilmente percebidas a partir de uma autoavaliação; outras requerem diagnóstico de um urologista.
Descontroles hormonais ou condições que possam atrapalhar o fluxo sanguíneo no pênis estão entre as causas. A predisposição ou hereditariedade à formação de cicatrizes também é uma possibilidade. Por fim, diabéticos devem redobrar a atenção, pois a glicose elevada pode provocar danos aos vasos sanguíneos.
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Principais sintomas e como é feito o diagnóstico
O sintoma clássico da doença de Peyrone é visual: se o pênis costumava ser reto, mas está entortando, então você deveria marcar uma consulta com um urologista para avaliação. Outras manifestações possíveis são nódulos ou caroços no pênis.
Já em casos mais avançados, o paciente sente dor durante a prática sexual. Alguns sentem incômodo até mesmo com uma simples ereção, o que pode ser indício de uma fase inflamatória.
A identificação do problema deve ser feita com o órgão genital ereto, seja em uma autoavaliação ou numa consulta com profissional de saúde.
Qual é o impacto na saúde masculina?
Além da questão estética, que pode afetar de maneira psicológica o paciente, as dores podem impactar diretamente na performance sexual. Aqueles que têm sintomas já na ereção, por exemplo, tendem a evitar que isso ocorra para não sentirem dor.
A prática sexual pode ser deixada de lado também, como forma de evitar desconforto, o que pode causar problemas de relacionamento. Ainda, pode haver disfunção erétil, fazendo com que o pênis não fique rígido o suficiente para a penetração.
Por fim, diminuição do tamanho, afinamento ou acinturamento do pênis são outras possibilidades.
Abordagem médica e tratamentos conservadores
Para que o profissional de saúde possa determinar qual será o tratamento, é preciso uma avaliação minuciosa.
A fase da doença diagnosticada é que vai indicar qual será a abordagem. Medicamentos orais, em gel, pomadas ou injetáveis podem ser suficientes para aumentar a circulação de sangue no pênis e estabilizar a evolução da tortuosidade.
O objetivo inicial é eliminar a fase inflamatória e evitar o avanço da condição.
Com a melhora, avaliam-se os danos causados. É a partir dessa avaliação que se determina se será necessário ou não algum outro procedimento, o que inclui cirurgia ou até mesmo o uso de prótese peniana.
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Procedimentos cirúrgicos e intervenções
Quando a doença de Peyronie atinge a segunda fase, denominada cicatricial, é provável que o tratamento clínico não tenha mais eficácia. Nesse cenário, é recomendada a realização de um procedimento cirúrgico.
A intervenção cirúrgica tem a capacidade de corrigir a curvatura pronunciada e a redução do tamanho do pênis decorrentes do problema. Além disso, é capaz de corrigir o estreitamento e abordar problemas relacionados à disfunção erétil. Normalmente, o procedimento é realizado sob anestesia local, e o paciente é liberado no mesmo dia após a alta hospitalar.
Implante de prótese peniana para doença de Peyronie
A inserção da prótese peniana é recomendada para corrigir a fibrose peniana, reduzir a curvatura do pênis e tratar a disfunção erétil. Seu propósito é proporcionar uma rigidez adicional após a correção da curvatura, prevenindo a ocorrência de novos traumas e fissuras.
Por falta de informação ou mesmo devido ao preconceito, muitos homens mostram resistência com esse método. Entretanto, essa intervenção pode ser crucial para restaurar o pleno funcionamento do pênis e retomar uma vida sexual ativa e livre de preocupações com a saúde.
Vale destacar que a prótese é geralmente implantada durante o mesmo procedimento cirúrgico utilizado para tratar a doença de Peyronie, o que significa que não adiciona desconfortos adicionais ou demanda mais tempo para o paciente.
Existem diversos tipos de prótese – maleáveis, articuláveis ou infláveis. A escolha do modelo ideal requer avaliação individual caso a caso.
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Técnica Egydio
A Técnica Egydio é um método cirúrgico desenvolvido pelo urologista brasileiro Dr. Paulo Egydio, que se baseia em princípios geométricos para corrigir a curvatura peniana causada pela doença de Peyronie ou pela curvatura congênita.
Ela consiste em fazer incisões no tecido fibroso que provoca o encurtamento de um lado do pênis, e alongar esse lado até igualar a elasticidade com o outro lado. Dessa forma, o pênis é retificado sem perder comprimento ou diâmetro, e sem comprometer a capacidade de ereção.
O método é reconhecido internacionalmente como um dos métodos mais eficazes e seguros para tratar a deformidade peniana. Além disso, por ter evoluído ao longo dos anos, e hoje utiliza um procedimento de expansão tecidual que dispensa o uso de enxertos.
Importância da consulta médica
Sentir dor ou qualquer tipo de desconforto na relação sexual não é normal. Você deve procurar um urologista caso experimente qualquer um dos sintomas acima ou, ainda, se perceber mudanças na curvatura do pênis, mesmo que sutis.
É preciso deixar o preconceito e a vergonha de lado e compreender que, quanto antes for iniciado o tratamento, mais simples serão os procedimentos. Casos diagnosticados em estágio inicial, raramente requerem cirurgia e têm tratamento convencional muito mais acessível.
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Suporte psicológico e qualidade de vida
Além dos aspectos estéticos e da dor percebida durante a ereção, o paciente pode ainda experimentar problemas de ordem psicológica por conta dos problemas. Disfunção erétil ou perda do interesse sexual vêm frequentemente acompanhadas de baixa estima e até mesmo de sintomas de depressão.
Por isso, é preciso pensar na qualidade de vida em primeiro lugar. Buscar auxílio médico e psicológico é essencial. Ter uma vida sexual que não é plena também não pode ser normalizado e devemos sempre buscar o funcionamento pleno do órgão sexual.
Ao perceber sintomas, agende uma consulta. Não espere que o problema se desenvolva até chegar em um ponto cuja solução deixa de ser simples.