Incontinência urinária masculina: causas, sintomas e tratamento

O post de hoje é dedicado a um problema que compromete o bem-estar físico e emocional de quem passa por ele, podendo afetar a qualidade de vida e limitar atividades sociais, físicas e a vida sexual. Estou falando da incontinência urinária, a perda involuntária da urina.

Só no Brasil essa condição afeta mais de 10 milhões de pessoas, sendo que cerca de 25% dos casos acomete homens acima dos 60 anos que realizaram alguma cirurgia urogenital, seja de próstata, pênis, reto ou testículos.

Apesar de ser tratável e geralmente curável, a incontinência urinária masculina é uma fonte de constrangimento e dificuldade social. Por isso muitas pessoas costumam esconder a situação e, com isso, provocam sérios danos à vida.

As razões mais comuns para não procurar ajuda ou tratamento incluem pensar que a perda do controle da bexiga é uma parte natural do envelhecimento ou que nada pode ser feito para corrigi-lo. No decorrer desse texto você vai entender porque isso é um mito. Hoje existem métodos de avaliação e tratamentos que permitem curar a falta de controle urinário ou melhorá-lo significativamente.

Este texto é para apresentar as causas, sintomas, tipos e tratamentos da incontinência urinária e incentivá-lo a consultar um urologista o quanto antes caso você se identifique com alguns dos sintomas. A ajuda de um especialista é fundamental para fazer um diagnóstico preciso e definir a melhor opção de tratamento.

O que provoca a incontinência urinária?

A incontinência urinária pode ser leve, moderada ou severa e pode ter uma condição temporária ou definitiva. Ela pode ser provocada por um trauma, doença neurológica ou contrações involuntárias da bexiga. Em caso específico dos homens, ela também ocorre por sequelas de cirurgia de próstata ou uretra.

A maior incidência, no entanto, acontece pelo enfraquecimento do esfíncter da uretra, estrutura muscular responsável por conter a urina, após uma cirurgia de próstata, seja de remoção ou tratamento da HPB (Hiperplasia Prostática Benigna). Na maioria dos casos, a incontinência melhora progressivamente durante o primeiro ano após a cirurgia, de tal forma que somente 3% a 20% do pacientes precisam de tratamento. Enquanto o problema persiste, o mais indicado para controlar a urina é o uso de fraldas ou outros produtos absorventes.

Definir a causa da incontinência urinária masculina é fundamental para direcionar o tratamento bem-sucedido. O exame mais indicado para isso é a Urodinâmica. Importante salientar que os testes não são dolorosos, não requerem preparação especial e podem ser feitos no consultório médico. Com o resultado desses testes, a causa exata da incontinência pode ser definida para discutir as opções de tratamento. Aliados a esse exame também são pedidos exame de urina, ultrassonografia, raio X da bexiga e um estudo urodinâmico.

Sintomas da incontinência urinária

A incontinência urinária masculina pode se apresentar de diversas formas, todas elas fáceis de identificar.

Se você sentir a necessidade repentina de urinar sem conseguir controlá-la ou notar que há vazamentos enquanto pratica uma atividade física, quando espirra ou dá risada, é bem provável que este seja o seu problema.

Mesmo se a situação for suave, é importante buscar ajuda médica para identificar qual o tipo de incontinência você está sofrendo e buscar o tratamento adequado. Ela pode vir de forma mais leve, moderada ou grave. Continue lendo para entender melhor sobre esses tipos.

Os diferentes tipos de incontinência urinária

Existem quatro tipos básicos de incontinência urinária. Só uma avaliação criteriosa e particularizada para cada caso vai ajudar o médico na obtenção de um diagnóstico preciso para definir o tratamento adequado.

Quando a perda da urina acontece por meio de uma tosse, espirro ou uma risada, é o que chamamos de Esforço. Este é o tipo mais comum em homens que passaram pela cirurgia de próstata.

Já quando a vontade de urinar é repentina ao ponto de ficar difícil chegar ao banheiro a tempo, o tipo da incontinência urinária é de Urgência, geralmente causada por um bloqueio do fluxo da urina devido ao aumento da próstata.

A incontinência Mista vem da combinação entre as duas citadas acima, e na de Transbordamento a bexiga nunca se esvazia completamente, deixando um resquício de urina que pode provocar incômodos e dores. A causa mais comum no caso de Transbordamento é o bloqueio prolongado do fluxo de urina da próstata, onde o músculo da bexiga eventualmente fica flácido e incapaz de contrair.

Opções de tratamento clínico

O tratamento da incontinência urinária masculina depende essencialmente do tipo e da severidade das perdas urinárias. É importante uma avaliação do seu quadro para chegar ao melhor diagnóstico e dar orientações sobre as possíveis alternativas.

Caso ela seja diagnosticada como de curto prazo é possível tratá-la com dispositivos externos, como as sondas de látex, produtos de armazenagem de urina. Além disso, há também a opção de dispositivos mecânicos que incluem o clamp peniano e anéis de compressão. São aparelhos encaixados ao pênis que interrompem o fluxo de urina quando fechados, sem causar desconforto.

Para acelerar a recuperação são indicados ao paciente os exercícios para fortalecimento do assoalho pélvico, um procedimento não invasivo realizado com a orientação de fisioterapeutas e do urologista. Com esse fortalecimento, a contração muscular é capaz de suportar o aumento na pressão abdominal que ocorre quando o paciente faz algum esforço, como tossir ou espirrar.

Há também opções de tratamentos com medicamentos para relaxar a bexiga, chamados anticolinérgicos, e por meio de terapia comportamental, reabilitação pélvica e estimulação elétrica. Já a cirurgia é a opção mais indicada aos pacientes que passaram pelo tratamento de próstata e não apresentaram boa resposta às opções citadas acima devido ao enfraquecimento do mecanismo esfincteriano da uretra. É sobre isso que vamos entender mais no próximo tópico.

Tratamento para incontinência urinária após o câncer de próstata

Na maioria dos casos, a incontinência urinária decorrente de uma cirurgia na próstata é temporária e autolimitada.

A primeira opção de tratamento nesses casos é o ‘Exercício de Kegel’. Esta prática consiste na contração e relaxamento de determinados músculos ao redor da base da bexiga e da uretra para fortalecer a pélvis e ajudar o paciente a melhorar a sua sintomatologia.

Para ajudar o paciente a identificar corretamente os pontos que devem ser estimulados, ganharem consciência no controle de seus músculos do trato urinário e garantir melhores resultados, o exercício pode ser potencializado com o auxílio de aparelhos de ‘biofeedback’, uma variedade de instrumentos usados para gravar pequenos sinais elétricos que são emitidos quando os músculos específicos são estimulados para urinar. Estes exercícios devem ser praticados de forma correta para que possa oferecer um melhor resultado, por isso a orientação de um profissional capacitado é essencial.

Quando a incontinência não apresenta boas respostas a estes tratamentos menos invasivos, faz-se necessária a realização de um procedimento cirúrgico. Normalmente essa decisão é tomada quando os pacientes permanecem com a incontinência urinária por mais de 12 meses após a cirurgia na próstata. Confira mais detalhes sobre os métodos disponíveis a seguir.

Caso esteja em busca de um tratamento definitivo para a incontinência urinária, entre em contato para iniciarmos uma conversa rumo à solução do seu quadro.

Tratamento cirúrgico para incontinência urinária

.A cirurgia de próstata pode enfraquecer o mecanismo esfincteriano da uretra e com isso provocar a incontinência urinária. Quando esta condição permanece por muito tempo e não responde aos tratamentos clínicos, a solução é recorrer a uma cirurgia.

Há 3 alternativas que corrigem a perda involuntária de urina. Quando a incontinência é moderada ou severa, o mais indicado é o implante do Esfíncter Urinário Artificial. Aplicada há mais de 40 anos, esta opção apresenta uma alta eficiência e baixo índice de complicações.

esfincter urinario artificial
Imagem: Esfíncter Urinário Artificial

Em uma cirurgia simples, feita com apenas uma incisão, anestesia local e internação de no máximo uma noite, são implantados um manguito em torno da uretra aliado a uma bomba no escroto e o balão que contém o fluido para o dispositivo. Após o período de avaliação do implante, em um período de cerca de 4 a 6 semanas, o esfíncter artificial é ativado para permitir o restabelecimento do controle urinário. A partir daí, quando a pessoa deseja urinar, a bomba é comprimida e o manguito aberto por cerca de 2 a 3 minutos, até fechar novamente. A dor pós operatória é mínima e o paciente pode retornar o trabalho após 2 a 3 semanas.

Outra opção de implante em um procedimento igualmente pouco invasivo são os Slings Suburetrais. Indicado para pacientes com incontinência leve ou moderada, sem radioterapia prévia e com perda de urina elevada durante teste de esforço, eles consistem em uma faixa de polipropileno. Quando implantada, ela proporciona uma tensão significativa com estabilidade dos tecidos e uretra, evitando ou minimizando as perdas urinárias.

A relação entre a incontinência urinária e a prótese peniana

Às vezes a incontinência urinária masculina pode estar associada à disfunção erétil. Em casos como este, é possível fazer o implante do esfíncter e da prótese no mesmo procedimento cirúrgico. Antes da cirurgia é fundamental diagnosticar se houve perda de tamanho ou afinamento do pênis, bastante comuns com o avanço da idade, e fazer a reconstrução peniana. A finalidade desse procedimento, realizado de acordo com os conceitos publicados da Técnica Egydio, é obter, além da cura para a incontinência urinária e disfunção erétil, a melhor recuperação do tamanho e calibre do pênis, até o limite dos nervos e vasos. 

Como é possível perceber, a incontinência urinária tem solução e não deve ser tratada como um tabu.

Se você está passando por isso ou conhece alguém nesta situação, é imprescindível buscar ajuda médica. Seja qual for a idade, o tratamento adequado pode devolver a sua vida social, autoestima e saúde.

Dr. Paulo Egydio

Médico PhD em Urologia pela USP, CRM 67482-SP, RQE 19514, Autor dos Princípios Geométricos (conhecido como “Técnica de Egydio”), além de outros artigos e livros cientifícos na área. Professor convidado para ministrar aulas e cirurgias ao vido, em congressos no Brasil e Exterior.

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