Para obter imagens que podem identificar as lesões internas, o exame de ultrassom na Doença de Peyronie é valioso pois identifica as lesões e sua extensão
Alguns estudos indicam que a deformidade peniana é o primeiro sintoma mais comum dos pacientes com a Doença de Peyronie e está presente em 94% dos homens afetados.
Para pacientes que precisam de tratamento – e ainda apresentam disfunção erétil – o diagnóstico por meio de imagens tem sido muito relevante. Mas qual exame é mais confiável e oferece um diagnóstico mais completo: radiografia, ressonância magnética, ultrassonografia?
Estudo publicado no The Journal of Urology, da AUA (Associação de Urologia dos Estados Unidos), a partir de pesquisa com 518 pacientes portadores da doença de Peyronie, revelou que “a ultrassonografia peniana fornece informações anatômicas rápidas de modo a determinar a gravidade da doença, monitorar a progressão e a resposta à terapia médica”.
Estudos similares foram produzidos no Brasil, todos apontando a vantagem do ultrassom na Doença de Peyronie. De acordo com artigo publicado na “Radiologia Brasileira”, periódico científico do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, a ultrassonografia é útil para identificar lesões e determinar a relação dessas lesões com a disfunção erétil presente na Peyronie.
Já pesquisadores da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) concluíram que o ultrassom, além de eficaz na avaliação do pênis, é um método de grande utilidade para “diferenciar o aspecto normal do patológico, e é de extrema importância para diagnóstico e auxílio na definição de condutas”, orientando melhor tanto o paciente como os profissionais de saúde.
Outra abordagem, feita por pesquisadores do Departamento de Radiologia e de Urologia do Centro de Reabilitação Nacional, na Grécia, constatou maiores vantagens do ultrassom quando comparado com exames de radiografia e de ressonância magnética.
De acordo com os autores, o ultrassom na doença de Peyronie “mostra 100% de sensibilidade na detecção de placas calcificadas”. Mesmo placas não calcificadas podem ser detectadas, afirmam os autores, reforçando que o ultrassom é fácil de realizar, indolor, não invasivo e sem efeitos colaterais.
A ultrassonografia do pênis oferece maiores informações quando associada ao uso de vasodilatadores, tipo injeções intracavernosas e com o recurso do ultrassom com o doppler colorido.
Ultrassom para disfunção erétil
Parece ser consenso que o ultrassom tem as vantagens de poder ser repetido facilmente e de permitir uma avaliação detalhada dos vasos penianos, o que é fundamental nos casos de disfunção erétil permitindo ao médico escolher os caminhos mais adequados para uma cirurgia, quando for o caso.
A partir das calcificações, fibroses e outros problemas detectados na ultrassonografia, é possível estabelecer avaliações adequadas sobre a intervenção cirúrgica necessária.
Para os pesquisadores, a ultrassonografia oferece, ainda, o melhor custo-benefício em comparação com outros exames e pode ser usada para acompanhar pacientes que foram submetidos a tratamento clínico ou cirúrgico e, assim, verificar a evolução da doença observando se houve regressão das placas.
Outra vantagem da ultrassonografia em cores é a avaliação adequada do estado dos vasos penianos, pois a disfunção erétil ocorre em cerca de 20 a 54% dos pacientes da doença de Peyronie. Isso é importante para planejar a estratégia cirúrgica, especialmente se uma prótese peniana tiver que ser implantada.
Ultrassonografia peniana com doppler colorido e fármaco-indução
Existe também a possibilidade de realização de ultrassom nos vasos sanguíneos do pênis combinada com o teste de ereção fármaco-induzido. Neste caso, ao realizar o exame o paciente irá receber um medicamento que possa induzir uma ereção. O exame é rápido e o resultado sai, em geral, no mesmo dia.
O site da rede hospitalar Rede D’or São Luiz, ao tratar da ultrassonografia peniana, explica que no exame com fármaco-indução o foco é examinar a vascularização do pênis, permitindo que o médico observe “o aumento ou diminuição da vascularização na região, além da velocidade do sangue dentro dos vasos sanguíneos”.
Após receber medicamento, o paciente permanece deitado de barriga para cima, com a região genital exposta. O médico utiliza um aparelho que examina as laterais do pênis – onde ficam os corpos cavernosos, responsáveis pela ereção quando cheios de sangue. Durante o exame, o médico consegue analisar as imagens em tempo real, observando o fluxo de sangue nas artérias.
Primeiro passo do tratamento
O Dr. Paulo Egydio, com doutorado pela Universidade de São Paulo, e com larga experiência no tratamento de pacientes de Peyronie, endossa que o primeiro passo do tratamento é a realização de um exame de ultrassom com doppler dos corpos cavernosos, com ereção induzida.
“É um exame que vai medir a funcionalidade do pênis. Este ultrassom fornecerá imagens coloridas e com alta definição do interior do pênis. Assim, o especialista vai poder verificar a existência de fibrose, se elas são superficiais ou profundas, se há algum problema de ereção vinculado.”
O especialista acrescenta que o exame permite que seja medida a vascularização do pênis, ou seja, como anda a circulação de sangue dentro dele.
A partir da história clínica associada ao resultado do exame, explica o Dr. Paulo Egydio, “será possível identificar o estágio da Doença de Peyronie e definir se o tratamento será iniciado com o uso de medicamentos, ou se será necessário uma intervenção cirúrgica”.
O médico enumera outras vantagens complementares do ultrassom na doença de Peyronie como, por exemplo, “medir o grau exato da curvatura e identificar a região que será necessário expandir para a sua correção”, no caso de cirurgia.
O exame de ultrassonografia permite também, de acordo com o Dr. Paulo, explorar se há outros fatores associados, como a disfunção erétil, diminuição do tamanho e afinamento peniano.
Vale sempre o lembrete: evite o autodiagnóstico e não leve ao pé da letra as informações que circulam na internet. Busque tratamento com urologista especializado e dedicado ao estudo da Doença de Peyronie. O seu melhor amigo (que não é o cão) agradece.