Ultimamente tenho sido procurado por muitos homens aflitos que me perguntam a seguinte questão: doutor, quais os riscos da cirurgia de Peyronie? É seguro? Eu devo mesmo fazer?
Para ajudar a tranquilizá-los, vamos conferir aqui quais são os riscos mais apontados pela literatura médica nacional e internacional, e o que é feito para minimizar as chances de revés.
1. Disfunção erétil
Até 30% dos pacientes podem passar a apresentar disfunção erétil. Por isso, antes de pensar em corrigir a curvatura, temos que avaliar quais são as chances disso acontecer.
Neste caso, é levado em conta a idade do paciente, se a cirurgia utiliza ou não enxerto, a gravidade das fibroses, se o paciente já sofre com a disfunção erétil e se já faz uso de algum medicamento.
O Doppler peniano também é essencial para determinar o risco da cirurgia de Peyronie. É preciso verificar como estão as condições arteriais, do fluxo sanguíneo e se a fibrose chegou ao corpo cavernoso. Assim, podemos decidir se a cirurgia recomendada é apenas a de alinhamento peniano ou de alinhamento mais implante.
2. Diminuição de tamanho
A própria Doença de Peyronie já está associada a perda de tamanho, antes mesmo de um possível risco cirúrgico.
As cirurgias que alongam o lado curto visam recuperar ao máximo o tamanho original. Porém, em alguns casos, isso não é possível. Já as operações que diminuem o lado longo vão reduzir ainda mais o tamanho do membro, principalmente se a curvatura for muito acentuada.
Para evitar ainda mais a retração peniana, é preciso que o cirurgião faça uma boa escolha em relação ao tipo de cirurgia para oferecer ao paciente uma melhor solução para a diminuição do tamanho do pênis.
3. Correção parcial da deformidade
Este risco costuma estar bastante associado ao método da cirurgia adotada ou à combinação de métodos.
Vamos supor que, num caso de curvatura mais severa, o cirurgião optou por usar um enxerto.
Se ele faz um corte pequeno ou se o enxerto à disposição é pequeno em relação à proporção da tortuosidade, isso pode limitar a expansão do lado curto. O resultado pode não alinhar o pênis completamente e deixar uma deformidade remanescente.
A solução pode ser fazer pregas do lado longo (Nesbit e variantes) para deixar o pênis mais alinhado. Porém, isso vai reduzir o tamanho do membro.
No fim das contas, um método que visava alinhar o pênis através do lado curto com um enxerto acabou não sendo suficiente, e houve necessidade de associá-lo às pregas do lado longo e reduzir seu tamanho.
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4. Pontos cirúrgicos
A escolha do fio cirúrgico deve ser feita de acordo com o método adotado.
Nas cirurgias de Nesbit e suas variações, com ou sem enxerto, a utilização de fio inabsorvível é obrigatória para as suturas. O problema é que a ponta desse fio pode machucar e, se ele se soltar, a curvatura pode voltar.
Os fios multifilamentares podem permitir um ponto que evita incômodo, no caso de ser realizada a plicatura ou Nesbit e suas modificações.
No que diz respeito aos fios cirúrgicos, a tendência é o uso de fios absorvíveis pelo organismo, usado em técnicas mais modernas, como a Técnica Egydio. Ao longo do tempo, com a cicatrização, o fio é absorvido e não machucará o paciente.
5. Uso do enxerto
Quando a remoção da placa de fibrose ou expansão dos tecidos cria um defeito considerável, é usado um enxerto, que funciona como uma “capa”, para fazer o reparo.
Com a evolução das técnicas cirúrgicas e segundo diretrizes das Sociedades de Urologia do Brasil, Estados Unidos e Europa, defeitos menores podem não necessitar do enxerto.
É o caso das operações que fazem a expansão tecidual com múltiplos e pequenos cortes. Essa tem sido a nova preferência encontrada na literatura e nas experiências dos profissionais que se dedicam a essa área.
Fonte: Egydio PH. An Innovative Strategy for Non-Grafting Penile Enlargement: A Novel Paradigm for Tunica Expansion Procedures. J Sex Med. 2020 Oct;17(10):2093-2103. doi: 10.1016/j.jsxm.2020.05.010. Epub 2020 Jul 4. PMID: 32636162.
6. Novas deformidades
Entre os riscos da cirurgia de Peyronie, pode ser que o paciente volte a sofrer com a deformidade.
Isso pode acontecer porque a Doença de Peyronie é evolutiva. Novas fibroses podem surgir a qualquer momento, independente do tratamento cirúrgico ser ou não realizado.
Essa recorrência da fibrose peniana é mais comum quando ocorre o alinhamento do pênis sem inserção de prótese. Neste caso, se a cicatrização evoluir de forma inadequada, a curvatura pode voltar.
Por isso é muito importante verificar a eventual necessidade da colocação de prótese peniana, dependendo da idade do paciente, a quantidade de fibroses, se há ou não afinamento e tamanho da perda. Ela diminui as chances de novas de novas deformidades, sejam elas curvaturas, afinamentos e/ou diminuição do tamanho do membro.
7. Infecção
Para reduzir o risco de infecção, o caminho mais adequado a se tomar é evitar os enxertos. Por quê?
O enxerto nada mais é do que a transferência de um tecido não vascularizado de um local para o pênis. Até que o organismo o incorpore aos tecidos penianos, ele pode sofrer infecção e retração.
Se for colocada uma prótese peniana ao mesmo tempo, de preferência ela deve permitir antibiótico ou já vir com o medicamento para minimizar o risco infeccioso, principalmente nos pacientes diabéticos.
A escolha da via de acesso também é importante. Usando a técnica No-Touch, descrita pelo americano Dr. J. Francois Eid, conseguimos fazer com que haja o mínimo de toque possível na pele do paciente, uma vez que a nossa pele naturalmente tem muitas bactérias, mesmo após lavada e desinfectada.
Neste tipo de cirurgia, a via de acesso a sub-coronal permite um melhor acesso à haste do pênis para expandir os tecidos até o limite dos nervos, vasos e uretra. Nela, o médico abaixa a pele, realiza os procedimentos internos e fecha novamente.
Quer saber mais detalhes sobre quais são os riscos da cirurgia de Peyronie? Então veja o vídeo a seguir.
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