Com o avanço da idade, os problemas de ereção podem surgir com mais frequência. Geralmente, é o próprio envelhecimento, associado ou não à Doença de Peyronie
Com doutorado na Universidade de São Paulo e longa experiência em tratamento de pacientes com Doença de Peyronie, o médico Paulo Egydio aponta que existem muitas condições que “atrapalham o fluxo sanguíneo dentro do pênis”.
O especialista cita o avanço da idade, associado à Doença de Peyronie e outros problemas, como, por exemplo, descontrole hormonal. “A má qualidade da ereção predispõe a ocorrência de traumas e micro traumas durante as relações sexuais, provocando a formação de fibroses e deformidades”, explica o Dr. Paulo.
Quando o pênis forma uma fibrose, caracterizada por uma placa ou nódulo, “a membrana do pênis passa a apresentar menor elasticidade, aumentando a sua curvatura”, acrescenta o médico. Como consequência, avalia, muitas vezes, o paciente apresenta também afinamento ou diminuição de tamanho do pênis.
O Dr. Drauzio Varella, no site dedicado a assuntos gerais de saúde, também associa a doença de Peyronie e o avanço da idade (normalmente após os 50 anos), mas lembra que, eventualmente, ela também acomete homens jovens. Sim, a Doença de Peyronie pode ocorrer em homens mais jovens.
O Dr. Paulo Egydio enfatiza que, independentemente da faixa etária, a doença “pode ocorrer em pacientes que apresentam predisposição ou hereditariedade na formação de cicatrizes, a placa responsável por deixar o pênis curvado”.
Sexo e envelhecimento
Antigamente, mais de 90% dos problemas relacionados às disfunções sexuais masculinas eram considerados como de natureza emocional-psicológica.
À medida que as ferramentas de diagnóstico melhoraram, o número de fatores físicos estabelecidos como causas da impotência aumentou rapidamente. É o que diz artigo publicado no New York Times, assinado por Jane E. Brody, renomada colunista de saúde pessoal. O texto recomenda tranquilidade.
“Os homens devem esperar mudanças em seu funcionamento sexual à medida que envelhecem. É normal, com o avançar da idade, precisar de estimulação mais direta para conseguir uma ereção, ter ereções menos firmes, ou demorar mais para ejacular e precisar de mais tempo entre as ereções”, diz o texto.
Nada que o homem deva se preocupar demasiadamente. Com o passar da idade, são mudanças naturais e não significam impotência.
Avanço das pesquisas
Com os avanços das pesquisas, os médicos agora têm um melhor entendimento de um conjunto de fatores que influenciam o desempenho sexual masculino, como a diabetes, desequilíbrio hormonal, deficiências causadas por doenças e cirurgias, além dos efeitos colaterais de drogas recreativas e medicinais.
Os especialistas reconhecem “que mais da metade dos casos de impotência, e talvez até três quartos, têm uma base física”, prossegue a colunista.
Brody destaca algumas doenças comprometedoras da qualidade da vida sexual: esclerose múltipla, doença de Parkinson, epilepsia, problemas lombares, infecções, artrite grave, doença renal ou hepática grave, lesão da medula espinhal, insuficiência cardíaca congestiva, doença pulmonar crônica e obesidade extrema.
Entre os vários distúrbios que afetam os sistemas genital e urinário, incluiu-se, também, a Doença de Peyronie, cirurgias radicais e tratamentos de prostatectomia radical para câncer de próstata e/ou radioterapia pélvica.
Peyronie, dor e frustração
A Doença de Peyronie causa dor e uma das queixas emocionais mais ouvidas nos consultórios diz respeito à frustração quando uma relação sexual causa sofrimento, em vez de prazer.
Ainda de acordo com Jane E. Brody, em outro artigo no jornal New York Times, “o parceiro que está com dor provavelmente evitará a atividade sexual, e o outro parceiro provavelmente se sentirá culpado e relutante em infligir dor ao tentar a relação sexual. Ambos os parceiros podem acabar frustrados e ressentidos, bem como confusos, quando uma atividade que pretendia trazer alegria para tantos se torna tão desconfortável para eles”.
Daí a importância crescente de tratar os problemas sexuais masculinos de forma aberta e, de preferência, envolvendo a parceira(o).
Existe idade mais provável para ter a Doença de Peyronie?
A doença de Peyronie e o avanço da idade tem sido tema de investigação científica. De acordo com pesquisa publicada no International Journal of Impotence Research, com base em estudo realizado com 1.071 homens, na cidade de Porto Alegre (RS), foram identificadas placas da doença de Peyronie em 35 indivíduos, o que representa 3,67% do total. A idade média nos homens com a doença era de 62 anos, variando entre os 52 e os 77 anos.
O estudo menciona outra pesquisa que constatou a maior incidência de Peyronie entre os homens de 50 e 60 anos, sendo que 63% tinham entre 41 e 60 anos de idade.
“A medida em que os homens envelhecem, os seus tecidos tornam-se menos elásticos e a rigidez da ereção diminui e, se o vigor da relação sexual persistir, pode fazer com que o pênis se dobre, gerando uma laceração”, concluem os pesquisadores.
O que causa a Doença de Peyronie
Segundo o Departamento de Urologia da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, a doença de Peyronie é causada por um acúmulo de tecido cicatricial no pênis. Este tecido, ou placa de Peyronie, pode formar caroços ou fazer com que o pênis se curve.
A Associação Americana de Urologia (AUA) publicou diretrizes sobre a doença apontando que o foco científico do trabalho de pesquisa deve ser intensificado na descoberta de fatores genéticos que expliquem a predisposição natural que fazem os pacientes contraírem a Doença de Peyronie e o avanço da idade.
O Dr. Paulo Egydio, que em 2018, em Kyoto, apresentou sua experiência em cirurgias reconstrutivas, no 15º Congresso da Associação de Urologia da Ásia, explica que cirurgia de reconstrução peniana “já é um tema muito conhecido pela comunidade médica, que está tornando-se mais popular entre os homens que buscam tratamentos avançados para o pênis, a fim de solucionar condições como a Curvatura Peniana Adquirida (Doença de Peyronie), a Curvatura Congênita e o Implante de Prótese Peniana”.
Não custa lembrar que o paciente deve buscar consulta médica. Esclareça suas dúvidas diretamente com o seu médico urologista.