O impulso cerebral que gera a excitação, percorre a medula e chega até os nervos do pênis. Problemas cardiovasculares e dificuldade de ereção andam juntos
Tanto uma doença cardíaca pode sinalizar dificuldades de ereção, como a dificuldade de manter a ereção pode ser um sinal precoce de doença cardíaca. Fique atento.
Problemas cardiovasculares e dificuldade de ereção têm íntima relação e, quando um aparece, o outro pode estar por perto.
Com longos anos de atendimento clínico e cirúrgico a homens com problemas relacionados à função sexual, Dr. Paulo Egydio lamenta o quão tardiamente os pacientes buscam apoio especializado.
Quando surge um problema de ereção, a maioria dos homens demora, em média, de 3 a 5 anos para procurar ajuda de um urologista.
“Como as doenças cardiovasculares estão entre as causas orgânicas, físicas, da disfunção erétil, quanto mais cedo o homem procurar atendimento, maiores as chances dele se manter saudável.
O paciente vai poder cuidar não apenas do problema da ereção, como também do sistema circulatório no qual o bom funcionamento do coração é essencial”, afirma o Dr. Paulo.
O urologista explica que “todo tecido que passa a ter menor circulação sanguínea está predisposto à formação de fibroses e, no caso do pênis, isso leva à curvatura, redução de tamanho e afinamentos”.
Relatório Especial de Saúde da Harvard Medical School aponta que o problema dos vasos sanguíneos é a principal causa da disfunção erétil. O Dr. Michael P. O’Leary, editor médico do relatório, diz que as ereções “servem como um barômetro para a saúde geral” e que a disfunção erétil pode ser um sinal de alerta precoce de problemas no coração ou em outro lugar.
Problema no coração causa impotência
Outro estudo, também da Universidade de Harvard, explica que, “de uma perspectiva puramente mecânica, uma ereção é um evento hidráulico – sangue extra deve ser enviado ao pênis, mantido lá por um tempo e depois drenado. Uma ereção pode não acontecer se algo interferir com o fluxo sanguíneo para o pênis”.
Como o artigo ensina, “o processo de entupimento das artérias está na raiz da maior parte da angina, dor no peito com exercícios ou estresse, ataques cardíacos, derrames e outras condições cardiovasculares. Um resultado desse processo é o acúmulo de placas dentro das artérias”.
Já o artigo Rua de mão dupla entre problemas de ereção e doenças cardíacas, publicado pela Universidade de Harvard, afirma que “a dificuldade em obter ou manter uma ereção pode ser um sinal de alerta precoce de doença cardíaca, assim como uma doença cardíaca pode sinalizar problemas sexuais atuais ou futuros de um homem. Quando um deles aparece, o outro provavelmente está espreitando por perto”.
De forma bem simples podemos dizer que problemas cardiovasculares e dificuldade de ereção estão relacionados com o menor fluxo sanguíneo nas artérias ou um vazamento de sangue pelas veias, conhecido como fuga venosa ou disfunção veno-oclusiva.
A doença cardiovascular, de acordo com o Dr. Paulo Egydio, “é um termo para se referir a todos os tipos de doença arterial coronariana ou vascular periférica, ou seja, que estão relacionadas ao coração ou vasos sanguíneos, artérias e veias”.
O Dr. Paulo Egydio explica que “no caso do endurecimento das artérias, também conhecido como arteriosclerose, o fluxo de sangue dentro do pênis pode se tornar mais lento e afetar a capacidade de ter e/ou manter ereção”.
Um outro problema ocorre, segundo ele, quando existem danos nas veias que mantêm o sangue no pênis durante a ereção, pois isso pode impedir que o pênis se mantenha ereto até o final da relação sexual.
De acordo com o urologista, “problemas como estes podem levar à formação de fibroses, curvatura peniana, redução de tamanho e afinamento do pênis”. No atendimento aos pacientes, o médico ressalta que esses problemas “são mais comuns do que se pode imaginar”.
É importante observar os sintomas, já que quanto mais cedo for o diagnóstico, mais garantias de prevenir e assegurar um tratamento mais rápido e eficaz.
Insuficiência cardíaca causa impotência
Um estudo sobre insuficiência cardíaca e pacientes com disfunção erétil concluiu que pacientes cardíacos ficam desconfortáveis em falar sobre o impacto de cirurgias e medicamentos na qualidade da atividade sexual.
Por isso, o aconselhamento sexual, com a supervisão de um especialista, é indicado para homens e casais. A pesquisa, publicada no International Journal of Impotence Research, aborda, ainda, uma série de conselhos envolvendo a prática sexual de pacientes com problemas cardiovasculares.
Evitar comer grandes refeições ou consumir álcool imediatamente antes da relação sexual; evitar temperaturas extremas; se envolver em atividades sexuais apenas quando se sentir bem descansado.
Apesar de reconhecer que tais recomendações podem até ajudar na atividade sexual, o estudo conclui que são intuitivas e não se baseiam em dados científicos sólidos.
Mas há um outro ataque frontal, preventivo, reconhecido pela ciência e que diz respeito a problemas cardiovasculares e dificuldade de ereção. Fazer exercícios regularmente, parar de fumar, controlar o peso e gerenciar as emoções são hábitos que trazem maior qualidade de vida.
A atividade física estimula as artérias a produzirem mais óxido nítrico, o que é bom para as ereções e para o fluxo do sangue por todo o corpo. Evitar o fumo é importante para conter os danos causados nas artérias que, gradativamente, acabam por reduzir a produção do óxido nítrico.
Perder peso pode restaurar a produção de testosterona. Fugir do estresse, aliviar a mente e o corpo de sentimentos depressivos também contribuem para afastar a disfunção erétil e as doenças cardiovasculares.
“A insuficiência cardíaca avançada não significa necessariamente o fim das relações sexuais satisfatórias”, afirma o estudo publicado pela International Journal of Impotence Research.
“Mas é importante que os profissionais de saúde abordem as mudanças relacionadas à doença, esclareçam os equívocos e forneçam aconselhamento apropriado, em particular em pacientes com insuficiência cardíaca crônica”, recomenda a publicação.
Quando é preciso prótese peniana
Para dissipar medos e ansiedade, os pacientes precisam conhecer as alternativas para o tratamento. Quando os tratamentos baseados em medicamentos, injeções, terapia hormonal, entre outros, não funcionam, os pacientes podem ser candidatos a intervenção cirúrgica, como angioplastia peniana, revascularização peniana ou implantação de prótese peniana, diz o estudo.
Com todo o cuidado exigido pelo sistema cardiovascular, há situações em que o tratamento pode indicar a implantação de uma prótese peniana.
Para o Dr. Paulo Egydio, “o paciente deve ser avaliado como um todo, não apenas o pênis, mas também o coração e o cérebro. Se for constatado um fluxo baixo de irrigação no pênis, é importante uma avaliação cardíaca e vascular completa”.
Com a visão sistêmica, olhando para o paciente de forma integrada, o médico consegue avançar nos diagnósticos e tratamentos mais adequados. “É importante manter a essência da vida, cérebro e coração com bom funcionamento para evitar um infarto ou derrame”, explica o Dr. Paulo.
O médico acrescenta: “Já tratei pacientes que tinham problemas cardíacos sérios, porém desconheciam completamente. No momento da avaliação peniana fizemos a descoberta e isso permitiu cuidar a tempo e evitar o desenvolvimento de doenças graves”.
O urologista ressalta que os remédios para ereção podem não ser indicados para pacientes cardíacos e a automedicação também não é uma prática segura. “No caso do implante, por exemplo, a vantagem é que o paciente fica livre da obrigatoriedade de medicamentos”.
A reconstrução peniana deve ser realizada antes de colocar o implante, porém no mesmo procedimento cirúrgico. “Este cuidado”, reforça o médico, “é fundamental para uma melhor satisfação após a cirurgia e sua felicidade. Não recomendo colocar uma prótese sem antes fazer a devida reconstrução do pênis, observando tanto o calibre como o tamanho”.
Toda decisão deve se pautar com base em exames e acompanhamento clínico por parte de um especialista. Evite anúncios e conversas nas redes sociais que anunciam receitas e fórmulas mágicas. Siga as orientações do seu médico e faça a sua parte no que diz respeito à alimentação, prática de exercícios e hábitos saudáveis que proporcionam bem-estar físico e mental.