Câncer de próstata e ereção são temas delicados. Isso porque o câncer de próstata pode levar à disfunção erétil. Conheça as consequências da doença.
Sexo, sexualidade e intimidade são tão importantes para as pessoas com câncer quanto para aquelas que não têm a doença. Na verdade, a sexualidade e a intimidade podem até ajudar a enfrentar o câncer, contribuindo para que os pacientes possam lidar com os sentimentos de angústia durante o tratamento.
Essa abordagem, da Associação Americana de Câncer, a American Cancer Society (ACS), diz respeito à maneira como os homens se comportam diante do câncer de próstata, dos efeitos da doença e dos tratamentos. Cirurgias na próstata, em geral, afetam a sexualidade, em particular, a capacidade de ereção.
A próstata é uma glândula presente apenas nos homens, localizada na frente do reto, abaixo da bexiga, envolvendo a parte superior da uretra, que é o canal por onde passa a urina. Em homens jovens, a próstata possui o tamanho de uma ameixa, mas seu tamanho aumenta com o avançar da idade.
Ela não é responsável pela ereção, nem pelo orgasmo. Sua função é produzir um líquido que compõe parte do sêmen, que nutre e protege os espermatozoides.
Câncer de próstata e ereção
O Dr. Paulo Egydio, urologista com tese de doutoramento pela Universidade de São Paulo, afirma que uma prostatectomia radical, por exemplo, “por interferir diretamente nos nervos que passam próximo à próstata, pode predispor ao desenvolvimento de problemas de ereção”.
Mesmo assim, pondera o urologista, “não é motivo para deixar a cirurgia ou radioterapia de lado, pois problemas de ereção têm tratamento. O mais importante é cuidar da sua saúde, qualidade de vida e bem-estar”.
O médico alerta que a diminuição do número de ereções, após a retirada da próstata, principalmente as involuntárias, pode contribuir também para que os tecidos do pênis desenvolvam fibroses que levam à diminuição, afinamento ou curvatura do pênis.
“Muitos homens têm dificuldade de lidar com esta questão, afinal ninguém quer o pênis menor ou mais fino”, observa. Assim como a disfunção erétil, esse problema também pode ser resolvido por meio de um procedimento baseado nos princípios da Técnica Egydio (Método ou Estratégia Geométrica), para expandir os tecidos do pênis.
Existem várias modalidades de tratamento, como radioterapia, tratamento hormonal, quimioterapia e/ou cirurgia. O Ministério da Saúde orienta que a escolha do melhor tratamento deve ser feita individualmente, por médico especializado, caso a caso, “após definir quais os riscos, benefícios e melhores resultados para cada paciente, conforme estágio da doença e condições clínicas do paciente”.
A boa notícia é que o câncer de próstata tem 90% de chances de cura, e o quanto antes a doença é diagnosticada, esse índice só aumenta. Por isso é importante o diagnóstico precoce.
Câncer de próstata causa impotência
A ACS aponta uma preocupação comum aos homens: a relação do câncer de próstata e ereção, ou seja, o quanto a doença pode afetar as ereções? As situações mais comuns ocorrem a partir dos efeitos dos tratamentos e cirurgias.
Após enumerar as diversas modalidades cirúrgicas para o câncer de próstata, a American Cancer Society assinala que, em sua maioria, os homens que passam por essas cirurgias terão alguma dificuldade de ereção ou disfunção erétil, também chamada de impotência sexual.
“Alguns homens podem ter ereções firmes o suficiente para a penetração, mas provavelmente não tão firmes como eram antes. Outros podem não ter ereções”, concluem os especialistas da ACS.
No estudo, os pesquisadores da ACS apontam que a radioterapia usada para “câncer de próstata, bexiga, cólon e reto” também pode causar problemas de ereção. “Quanto maior a dose total de radiação e mais larga a parte da pelve tratada, maior a chance de problemas de ereção posteriormente”, alertam.
Os estudos mostram que a radioterapia pode afetar nervos e artérias, impedindo que o sangue circule de forma acelerada e crie uma ereção firme. No caso das cirurgias, “mesmo quando os nervos são poupados”, sublinham os especialistas da ACS, o processo de cura pode levar até 2 anos para a maioria dos homens.
“Não sabemos todas as razões pelas quais alguns homens recuperam ereções completas e outros não. Sabemos que os homens têm maior probabilidade de recuperar ereções quando os nervos dos lados direito e esquerdo da próstata são poupados”, reconhece a Associação.
Apesar do tempo de restabelecimento completo alcançar dois anos após a cirurgia, os especialistas recomendam que a reabilitação peniana, ou reabilitação erétil, seja iniciada após algumas semanas, de modo a contribuir para que alguns homens possam recuperar a função sexual.
Problema na próstata causa impotência
Todos esses efeitos podem ser agravados com o avanço da idade. Quanto mais idoso, maior a probabilidade de os homens apresentarem algum problema na próstata que causa impotência. Felizmente existem tratamentos que podem ajudar muitos homens a recuperar a capacidade penetrativa.
O artigo da ACS aponta que o efeito da radiação a longo prazo pode gerar problemas de ereção, assim como a cirurgia da próstata.
A terapia hormonal – quando interrompe o hormônio andrógeno (ADT, em inglês, Androgen Deprivation Therapy) – também é outro fator que pode comprometer as ereções, pois causam efeitos como a perda do desejo sexual.
Do mesmo modo, algumas quimioterapias podem diminuir a produção de testosterona. Até mesmo os remédios para prevenir náuseas, decorrentes da quimioterapia, podem perturbar o equilíbrio hormonal do homem.
O tipo de tratamento indicado para o câncer, cirúrgicos ou não-cirúrgicos, dependerá de seu quadro clínico. E qualquer tratamento para um problema de ereção deve ser baseado nos resultados de um exame minucioso, o que significa incluir o histórico médico do paciente e os exames necessários.
Câncer de Próstata no Brasil
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) divulgou uma cartilha que aborda, em detalhes, o câncer de próstata. A doença é definida como um “tumor que afeta a próstata, glândula localizada abaixo da bexiga”.
A publicação, que merece leitura atenta do público masculino, aponta maneiras para prevenir, auxilia na identificação dos sintomas iniciais e aponta os principais tipos de tratamento.
Em 2018, foram registrados 68.220 novos casos de câncer de próstata no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Esses dados correspondem a um risco estimado de 66,12 casos novos a cada 100 mil homens.
Com mais de 15 mil óbitos, a cada ano, o câncer de próstata é a segunda causa de morte por câncer em homens no Brasil, atrás das doenças na traqueia, brônquios e pulmões.
Entenda a doença
A doença é confirmada após fazer a biópsia. Mas há um longo caminho até a confirmação. Exame de sangue (PSA), toque retal e ressonância magnética são procedimentos usados para identificar se, de fato, trata-se de câncer ou de outra doença benigna, como prostatite ou hiperplasia benigna da próstata, que é o aumento da próstata a partir dos 50 anos.
Fatores de risco, prevenção, sintomas e formas de tratamento são abordados com frequência em campanhas educativas, visto que os homens, em boa parte, são arredios a tratar de assuntos de saúde ligados à sexualidade.
“Todos os homens correm o risco de desenvolver o câncer de próstata. Foi para alertar esse público que surgiu o Novembro Azul, campanha sobre a importância da prevenção e do autocuidado”, esclarece o Dr. Paulo Egydio, urologista com mais de 20 anos de experiência no atendimento das chamadas “doenças masculinas”.
“O câncer de próstata geralmente não provoca sintomas em estágio inicial”, alerta o Dr. Paulo. “Por isso os homens precisam se conscientizar da importância das visitas regulares ao urologista, além da realização de exames periódicos indicados pelo especialista”.
O urologista esclarece que “exames de sangue podem indicar alterações na próstata, mas os resultados devem ser combinados com o exame de toque, que também revela possíveis irregularidades ou nódulos”.
Para o médico é fundamental maior conscientização da sociedade de modo a convencer os homens sobre a importância de fazer visitas regulares ao urologista e realizar os exames periódicos que ajudam a prevenir ou detectar o início da doença.
Sinais e sintomas do câncer de próstata
Nas orientações para o público, o Ministério da Saúde reconhece que “na fase inicial, o câncer de próstata pode não apresentar sintomas”. De todo modo, o órgão avisa para que os homens prestem atenção em algumas situações:
- dificuldade de urinar;
- demora em começar e terminar de urinar;
- sangue na urina;
- diminuição do jato de urina;
- necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite.
Fatores de risco e prevenção
Os mais comuns são: o avanço da idade, histórico de câncer na família e obesidade.
Hábitos saudáveis ajudam a diminuir o risco de câncer de próstata. Entre os fatores preventivos estão: alimentação saudável, praticar atividade física, não fumar, evitar consumo de álcool e drogas e manter o peso adequado.
E você, como anda a sua saúde sexual? Não deixe de marcar uma consulta e visitar o seu urologista.
ATENÇÃO: As informações presentes nesta página têm por objetivo informar dados úteis sobre a saúde masculina. Não substituem, em hipótese alguma, a consulta médica. Procure sempre um médico especialista para avaliação e tratamento adequado.