“Sou jovem e tenho o pênis torto. Será que sou normal?”. Apesar de parecer assustador, a curvatura peniana não é um problema irreversível. Clique e saiba mais!
O início da vida sexual nunca é fácil. Dúvidas, medos e expectativas fazem parte da “primeira vez” de qualquer pessoa. O momento tão esperado, na maioria dos casos, marca a história do indivíduo e, para muitos homens, ainda significa uma prova de masculinidade e a entrada na vida adulta.
Por isso, quando o jovem percebe que seu órgão sexual tem uma deformidade que o constrange, uma curvatura diferente do que entende por normal, o impacto emocional para a sua vida pode ser enorme. Não é incomum que ele pense que seu caso não tem tratamento. Mas tem.
Por que ocorre a Curvatura Congênita
O pênis é considerado torto quando, em ereção, tem algum tipo de curvatura, não ficando completamente reto. Na maioria dos casos, esta curvatura não é grande e não traz problemas para a vida sexual do homem. O pênis torto passa a ser um problema quando a curvatura dificulta ou impossibilita a penetração.
Caso o paciente ainda não tenha iniciado a relações sexuais, tem constrangimento e dúvidas em relação as consequências que a curvatura pode lhe causar, é importante considerar uma avaliação presencial com um urologista. No consultório é possível induzir uma ereção com medicamentos, fazer uma avaliação da deformidade e definir se justifica fazer uma cirurgia para corrigi-la.
De acordo com especialistas, há atualmente duas doenças descritas como curvatura peniana: a Curvatura Congênita do Jovem, que nasce com o homem, e a Doença de Peyronie, mais comum após os 50 anos de idade.
A Curvatura Congênita do Jovem tem origem na formação do pênis. Em artigo publicado no The Scientific World Journal, os urologistas pediátricos norte-americanos Sylvia Montag e Lane S. Palmer estimaram que entre 4 a 10% dos meninos nascem com o pênis curvo.
Durante a formação do pênis, um dos lados do tecido desenvolve uma elasticidade menor, provocando a tortuosidade para um dos lados, ou ainda para cima ou para baixo. Mas, como já dissemos, a curvatura só é percebida com o pênis ereto.
Portanto, quando criança, os pais dificilmente conseguem identificar a anomalia e será o jovem, na puberdade, que descobrirá a curvatura peniana, o que pode ser assustador para ele.
Sou jovem e tenho o pênis torto
A falta de experiência e a vergonha podem inibir o jovem que descobriu que seu pênis tem a deformidade. Em muitos casos, ele evita o relacionamento sexual e entra na vida adulta escondendo o problema de todos. Mas isso é um erro, pois retarda o diagnóstico e ainda pode provocar problemas emocionais para a vida toda.
Autor de diversos artigos e livros sobre a área, o urologista e andrologista Dr. Paulo Egydio afirma que é fundamental que o jovem com curvatura peniana procure um especialista.
Com uso de remédios, o médico poderá induzir, na clínica, uma ereção no jovem e avaliar o grau de curvatura e a resistência que o pênis ereto tem para uma penetração. “Se houve resistência, não fica dobrando, eu oriento este jovem a começar uma vida sexual saudável”, explica o especialista.
“Agora, o jovem que já iniciou a vida sexual e experimentou uma dificuldade na penetração e no movimento, que fica escapando com facilidade, ele já fez o diagnóstico que tem uma curvatura relevante”, salienta, lembrando que, neste caso, o especialista vai prescrever o tratamento adequado.
Posso ter a Doença de Peyronie?
Com acesso à internet, o rapaz que se depara com a Curvatura Congênita pode fazer pesquisas por conta própria, encontrar algumas respostas, mas também muitas dúvidas. Uma delas é a pergunta que está no título deste artigo: “Sou jovem e tenho o pênis torto, pode ser Doença de Peyronie?”
A resposta é sim! A curvatura congênita do jovem faz com que o pênis, em estado de ereção, dificulte a penetração. Em função das tentativas e impactos durante a relação sexual, pode levar a microtraumas e consequente surgimento de fibroses (Doença de Peyronie). Caso a curvatura não atrapalhe a penetração e a atividade sexual, a mesma não estará predispondo ao surgimento de fibroses.
A curvatura do jovem pode predispor a Doença de Peyronie, saiba mais!
É sempre bom esclarecer que as duas são doenças similares, mas o que difere a Peyronie da Curvatura Congênita é que a primeira é adquirida ao longo da vida. No Brasil, estima-se que o problema atinge 10% da população masculina, segundo artigo publicado no site da Sociedade Brasileira de Urologia – Secção São Paulo.
A doença de Peyronie foi descrita em 1743 pelo médico e cirurgião François Gigot de La Peyronie (1678-1747), ministro da saúde da corte do rei Luis XV, da França. Já naquela época, o médico dizia que a anomalia era causada por endurecimentos, como “contas de um rosário”, nos corpos cavernosos do pênis.
De acordo com especialistas, o que motiva a Doença de Peyronie são microtraumas no tecido que envolve o pênis, que podem ter sido adquiridos com o passar do tempo. É que, ao longo da vida, é normal as ereções perderem a qualidade, o que predispõe o pênis a sofrer traumas e microtraumas durante as relações sexuais.
Os traumas e microtraumas podem acontecer com o pênis ereto durante a vida, isso ocorre ao forçar o pênis ereto durante a relação sexual, ou não. O mais comum, é que durante a penetração, o pênis escape com facilidade fazendo com que sofra um impacto brusco. A falta de lubrificação durante a penetração pode predispor essas lesões.
Tais microtraumas se transformam em fibroses que inflamam e cicatrizam, provocando a curvatura. Assim como a Curvatura Congênita assusta os jovens na puberdade, a Doença de Peyronie também assusta os homens maduros, que normalmente a adquirem após os 40 ou 50 anos.
Para o homem adulto que se depara com o problema, as fibroses se assemelham com nódulos palpáveis ou caroços. Também pode ocorrer diminuição, afinamento ou acinturamento do pênis, dor na ereção ou na penetração e disfunção erétil, entre outros sintomas.
Se você perceber que seu pênis está mudando de formato, se ele costumava ser reto e está entortando, ou se você tinha uma curvatura “pequena” e percebeu uma piora, é necessário procurar um urologista para uma avaliação. O especialista pode fazer uma análise completa e prescrever o tratamento necessário.
*Lembre-se: Para avaliar a curvatura peniana, é necessário que o pênis esteja em ereção máxima. Veja como fazer um autoexame do seu pênis.
De acordo com a British Association of Urological Surgeons (BAUS), associação do Reino Unido para profissionais de urologia, após um estágio inicial, às vezes doloroso, durante o qual a curvatura pode progredir, a doença de Peyronie geralmente passa para uma forma crônica, estável, e a cirurgia pode ser necessária.
Voltando aos jovens, como o assunto pode ser embaraçoso até para ser tratado dentro da família, é importante que os pais fiquem atentos a esta fase da vida de seus filhos. O ideal é que os levem ao urologista no início da puberdade e criem no rapaz o hábito de fazer exames preventivos desde o início da vida adulta.